O Potencial das Macrófitas Aquáticas

As macrófitas aquáticas, plantas que, como o nome já sugere, prosperam em ambientes aquáticos, têm despertado interesse significativo devido ao seu potencial para a produção de biogás. E esse potencial está ligado à duas questões principais: seu potencial energético (biogás) obtido pela decomposição anaeróbia, e a velocidade com que se reproduz, o que as torna fonte de problemas (entupimento de tubulações) em usinas hidrelétricas, por exemplo.

A produção de biogás a partir de macrófitas é uma vertente importante na busca por fontes de energia sustentável. Essas plantas possuem uma rica composição bioquímica, com carboidratos, lipídios, proteínas e celulose. Quando submetidas a condições para a decomposição anaeróbia, esses elementos são digeridos por bactérias resultando na liberação de biogás.

O biogás é uma mistura de gases, principalmente metano (CH4) e dióxido de carbono (CO2), e em menor quantidade, outros gases como o gás sulfídrico (H2S), nitrogênio (N2) e vapor d’água. O metano é o componente mais valioso do biogás quando aproveitado, já que possui alto potencial energético e pode ser utilizado como combustível em motores para geração de eletricidade e calor, sendo alternativa ao gás natural. Quando não aproveitado, porém, é um poderoso gás do efeito estufa (GEE).

O processo de produção de biogás a partir de macrófitas pode ocorrer em biodigestores, em que as plantas são colocadas num ambiente fechado e sem oxigênio, permitindo que microrganismos decomponham a matéria orgânica. Esse processo gera resíduos líquidos e sólidos, que podem ser utilizados como fertilizantes ricos em nutrientes para a agricultura, fechando um ciclo de benefícios recorrentes.

A escolha das macrófitas para a produção de biogás é estratégica, pois essas plantas, como já mencionado, têm um crescimento rápido e são capazes de se adaptar a uma ampla gama de condições ambientais. Espécies como a taboa (Typha angustifolia), a grama-da-praia (Sporobolus virginicus), o aguapé (Eichhornia crassipes) e a alface-d’água (Pistia stratiotes L) são exemplos comuns de macrófitas usadas nesse processo, devido à sua disponibilidade e capacidade de produzir biomassa em grande quantidade.

Além de seu potencial como fonte de energia renovável, a utilização de macrófitas para a produção de biogás apresenta benefícios ambientais significativos. Essas plantas têm a capacidade de absorver nutrientes como nitrogênio e fósforo da água, contribuindo, também, para a despoluição de corpos hídricos e prevenindo a proliferação de algas nocivas em ecossistemas aquáticos.

Há, no entanto, desafios a serem enfrentados na produção de biogás a partir das macrófitas. Um dos principais obstáculos é a falta de tecnologias eficientes e economicamente viáveis para a sua coleta e processamento. Fora isso, a logística de transporte também pode representar um desafio, especialmente em áreas distantes das plantas de tratamento.

Outro aspecto importante a considerar é o gerenciamento adequado dos resíduos gerados durante o processo de produção de biogás a partir de macrófitas. Embora esses resíduos tornem-se naturalmente biofertilizantes, é necessário garantir que a sua aplicação na agricultura seja feita de maneira controlada a fim de evitar impactos negativos no solo e nos corpos hídricos.

Para ampliar o uso das macrófitas na produção de biogás, é fundamental investir em pesquisa e desenvolvimento de tecnologias eficientes, e incentivar políticas públicas que promovam a utilização de fontes de energia renovável. A educação e a sensibilização sobre os benefícios ambientais e econômicos do uso desse recurso também desempenham papel fundamental na adoção e expansão dessa prática.

As macrófitas aquáticas, por tudo que se expôs acima, representam excelente e promissora fonte para a produção de biogás, oferecendo alternativa sustentável e renovável para suprir a demanda por energia. Investimentos contínuos em busca por novas tecnologias, associados com políticas de apoio, apontam que o potencial dessas plantas para a produção de biogás pode desempenhar um papel significativo na transição para que a matriz energética brasileira seja limpa e sustentável.

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Gilmar

Mestre em Ecologia Humana e Problemas Sociais Contemporâneos pela Universidade Nova de Lisboa, Especialista em Educação Ambiental, em Gestão Ambiental e Sanitária, e Técnico em Meio Ambiente

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