Floripa não é boa para o meio ambiente

Por que Floripa não é boa para o meio ambiente? Dizem que Floripa é boa para o turismo. Pode até ser. Isto, porém, não significa que é boa para o turista. Mas mesmo que seja, não é isto que vamos tratar.

O assunto aqui é que Floripa não é boa para o meio ambiente, é uma fraude no que se refere aos cuidados ambientais tão propalados, mesmo com as suas (ainda) muitas belezas naturais. O descaso não vem de agora, entretanto.

Lá pelos anos 1950, Florianópolis entendeu que o melhor lugar para descartar os seus resíduos urbanos era o mangue do Itacorubi, uma área distante do centro, na época, e que não era propriedade sua. Mesmo que a lógica não tenha sido original e a prática extinta, ainda hoje os malefícios se espalham.

Inspirada na visão de que mangue é só mangue, Floripa concedeu a licença para a instalação de uma concessionária de automóveis em outro  mangue, agora no do bairro Santa Mônica.  O meio ambiente não pode obstar o progresso, deve ter pensado quem autorizou.

E como destruição pouca não deve ser considerada destruição, na lógica dos governantes manezinhos, Floripa voltou a ser atacada, agora, em duas frentes: numa área em que ainda hoje se discute como sendo parte da Estação Ecológica de Carijós, foi autorizada a construção de um shopping center inaugurado em 2006. E no local daquela concessionária na beira do mangue foi autorizada a construção de outro shopping, inaugurado em 2007. Vento que venta lá venta cá!

No que se refere aos descuidados para com o meio ambiente, houve, também, a operação da Polícia Federal conhecida como Moeda Verde (2007), que investigou as negociatas de licenças ambientais, em que um vereador, dentre outras pessoas, foi preso por favorecer empresários do setor imobiliário.

Se isto fosse tudo, já seria grave o suficiente para levar o nome dos que participaram dessas tretas para o limbo da história e para o banco dos réus nos tribunais. Mas Floripa é surpreendente; sempre oferece mais. E nem vou falar do que foi feito na Trilha da Lagoinha do Leste, pelo Pântano do Sul, tornada uma escadaria esdrúxula e perigosa, e nem do crime ambiental ocorrido na Lagoa da Conceição patrocinado pela Casan. Isto é para outra ocasião.

Para arrematar, por agora, porque ainda não se pode ver o que esses “gestores” aprontarão no futuro (mas aprontarão!), eis o último ato para a defesa desta tese de que Floripa não é boa para o Meio Ambiente, é péssima,: o atual prefeito, em conluio com a Câmara Municipal, e a toque de caixa, tenta passar um Projeto de Lei que sepultará dois órgãos  que poderiam servir para defender a cidade da sanha voraz dos especuladores e dos agressores do meio ambiente, mas que pouco fazem: o IPUF (Instituto de Planejamento Urbano de Florianópolis) e a FLORAM (Fundação Municipal do Meio Ambiente).

O IPUF, criado em 1977, é uma importante instituição no planejamento da Cidade. E é verdade que já fez muito mais. A Floram, criada no início dos anos 1990, atuaria no licenciamento de obras, na fiscalização e na conservação e defesa do meio ambiente, mas que pouco faz também. Isto, porém, não significa que devam ser extintas; precisam ser tornadas técnicas, isto sim.

Além das ilegalidades e da inconstitucionalidade do pretendido, a tramitação ocorre em Regime de Urgência e sem audiência pública (tal como se dão na cidade as ações para mudança do Plano Diretor). Um verdadeiro e recorrente desrespeito à cidadania e aos cidadãos

O que se pode concluir é que projetos como o Floripa Lixo Zero 2030, embora as pessoas que se dedicam à causa por acreditarem que trabalham por um mundo melhor, não são mais do que distração para que as boiadas continuem passando, usando um jargão atual. Já o turismo… que o Rio do Brás fale por mim.

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Gilmar

Mestre em Ecologia Humana e Problemas Sociais Contemporâneos pela Universidade Nova de Lisboa, especialista em Gestão em Turismo e em Gestão Ambiental e Sanitária e discente na Especializaçãoo em Educação Ambiental.

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