Aterros Sanitários Queimam e Enterram Riquezas
Os resíduos sólidos, apenas quando não tratados correta e tecnicamente são um caso de saúde pública. Fora isso, significam geração de emprego e renda, cuidado ambiental, cidades limpas e exemplo a ser seguido pelo mundo.
Mesmo o “lixo” valendo o dinheiro que dizem valer, e vale, é recorrente o seu descarte em locais proibidos e de forma indevida. Está faltando o prefeito chamar os empresários e mostrar o potencial do filão que não está sendo aproveitado e que faz mal à cidade.
A questão é que os prefeitos na maioria das vezes também não sabem que tipos de resíduos sólidos e que quantidades seu município produz diariamente. Mas isso não justifica a inação; há tecnologia para o diagnóstico. A partir da análise gravimétrica dos resíduos, por exemplo, o prefeito terá números para atrair os investidores que montarão plantas de triagem, reciclagem e de disposição final dos rejeitos, materializando o que foi dito acima: geração de emprego e renda, cuidado ambiental e a cidade limpa.
Hoje, quando é o caso, as prefeituras contam com os chamados aterros, que pouco fazem pelo aproveitamento econômico dos resíduos, haja vista a queima injustificada do metano que pode ser convertido em energia elétrica ou combustível veicular; esses aterros, tão defendidos como panaceia contra todos os males causados pelos resíduos não tratados, também quase não cumprem a sua função social de integrar as associações e cooperativas de coletores, limitando-se a enterrar o que tem valor econômico. E isto era o que os piratas faziam. Mas enterram em terrenos impermeabilizados nos quais chorume não atingirá o lençol freático, defendem-se. E daí?
O chorume resulta da decomposição da matéria orgânica. É dela também que surge aquele metano que é queimado sem nenhum aproveitamento. Depois de decomposta apropriadamente em biodigestores, o mesmo chorume que polui e contamina solo e águas pode ser convertido em fertilizante natural. E isto significa muito quando se sabe que o Brasil é o quarto maior importador de fertilizantes químicos.
E já que as pessoas se entusiasmam legitimamente com a chegada de um Ano Novo, que sugiram ao Prefeito que assuma um Compromisso Novo também. Ele tem o poder de converter “lixo” em grana e em soluções ambientais; ele tem o dever de tornar a cidade um espaço acolhedor.
Gilmar
Mestre em Ecologia Humana e Problemas Sociais Contemporâneos pela Universidade Nova de Lisboa e pós graduado em Gestão Ambiental e Sanitária.